Curso de Extensão em Pedagogia Social para o Século
XXI.
Atividade Prática:
Discutir a Poesia de Drummond “A Escola dos meus sonhos” e
analisar
Jacy Marques Passos
Niterói, 20 de Novembro de 2014.
INTRODUÇÃO
O Curso de Extensão de Pedagogia Social (PIPAS)
que acontece na UFF proporciona preciosos aprendizados. E a tarefa desse mês
nos remete a uma reflexão séria sobre o olhar sobre as nossas práticas e do
quanto, os educandos necessitam dessa transformação. Com certeza, a escola não
tem como mudar sozinha, não se pode deixar a cargo apenas da diretora essa
responsabilidade, onde, o desenvolvimento do Plano político pedagógico, deva
ser realizado a varias mãos, com a participação de pais, docentes e alunos,
devolvendo a comunidade, um lugar onde o aluno sinta o prazer de estar, de
conviver e, sobretudo, seja prazeroso estudar.
“a semente da divindade está em
todos, basta que se traga a tona” e “não existe pedagogia se não houver amor” Johann
Heinrich Pestalozzi
Pedagogia Social, matéria exposta com o respeito que o tema merece pela
professora Margareth Martins Araújo, deixou clara essa posição, onde, o papel
do Educador e do educando devem ser de mútuo respeito, e que, através dessa Poesia
“A Escola dos meus sonhos”, poder contemplar realidades que quando
experienciadas, darão cores vivas à Educação, pois não ensinamos máquinas,
trata-se de pessoas em desenvolvimento que vão requerer do docente, segundo o
Mestre Paulo Freire, um saber de experiência pura, para que não mais tenhamos
tantas evasões escolares, tanto descrédito na formação de alunos, para que se
possa dentro de um Projeto ético, político pedagógico, transformar e quebrar
paradigmas, no qual vivenciamos e do qual, sabemos que pode melhorar e
muito.
Muitas reflexões sobre as nossas práticas, pois, a indignação, deve
nortear as nossas ações, em virtude, daqueles que não querem uma
pedagogia da autonomia, da superação, do amor, da inclusão, da afetividade,
porque “tramam contra aquele espaço em realizamos nossas atividades, tramam
contra o educando, tramam contra o Educador, enfim, tramam contra as nossas
ideias”.
Faço questão de pontuar o recorte sobre o mundo atual feito, pela
professora Margareth, pois, trazem questionamentos que potencializam e norteiam
as nossas práticas, por um viés reflexivo, sobre as nossas atuações, na
interface do nosso papel, enquanto Educador Social, profissional de um espaço
de convivência e suas diversidades, que propõe indignar-se sempre. As
pontuações verdadeiras desse recorte dão visibilidade ao que está intrínseco e,
acrescentam com essa discencia, um perceber diferente, com a dimensão exata do
que encontraremos em nossos espaços de trabalho, e com isso, entender o
educando, no que diz respeito à vulnerabilidade relacional e da falência
Universal acelerada:
Ø Escolas
que não conseguem ensinar;
Ø Universidades
nada universais;
Ø Corporações
que não conseguem cooperar sem competir;
Ø Sistema
de saúde insalubre;
Ø Sistema de bem estar social onde ninguém passa
bem;
Ø Sistemas
agrícolas que destroem o solo e envenenam alimentos.
Ao ler esta poesia, é que entendemos o quanto
necessitamos de mudanças, pois, são urgentes e necessárias na Educação, pelo
fato de perceber que, o que permeia os interesses desse importante seguimento e
estagio de nossas vidas, a escola, é a despreocupação na aplicação de métodos
que visem melhorar a condição do indivíduo que passa anos de sua vida em um
espaço, que, após tantos avanços ocorridos na humanidade, não consegue
contemplar algo diferente.
A
ESCOLA DOS MEUS SONHOS
Eu queria uma escola que
cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando...
Oh! meu Deus!
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando...
Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de
uma escola
em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos "prontos",
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo...
Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
coooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente.
em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos "prontos",
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo...
Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
coooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente.
Carlos Drummond de Andrade
A escola do sonho de todos é essa. Um ambiente onde
o aluno é quem deve ser o protagonista e com isso, ser mais respeitado.
Sonhar uma escola onde não haja tantas cobranças, tantos
nomes e datas a gravar, enfim, tantas responsabilidades que não redundam em
autonomia, é engessar e limitar a capacidade do ser humano. Trabalhar no
sentido de buscar, alternativas sólidas de um viver com liberdade de expressão
entendendo que trabalhinhos de aula, trabalhinhos de casa, tornam-se abstrações
na vida do educando.
Drummond
destaca a relevância de um aprender e o quanto, a discência, será fundamental e
imprescindível, no momento que, se entender, que as fases da infância e o
adolescer, necessitam de construções que venham e tragam, nesse contexto,
prazer e alegria de estar na escola e fazer parte de uma turma em sala de aula.
Atualmente, crianças e adolescentes não aceitam mais
blá blá blá, estão requerendo do Educador uma abordagem acerca das demandas do
cotidiano, lembrando que as matérias convencionais, não podem nem devem ser
abstraídas, do currículo escolar, nem da vida do educando, mas podem sim, serem
acrescidos ao ensinar o saber de experiência pura, onde essas demandas parte
integrante dessas realidades e o
material explícito inerentes a esses alunos, devam sim, ser tratados com o
respeito e a dignidade que merecem.
A escola dos sonhos, não tem paredes ou muros que
demarque os espaços, não tem limite para se aprender e ensinar, ela é
construída, a partir da certeza que mudanças urgentes são inquestionáveis,
transformações precisam nortear essa construção, e isso, perpassa em deixar a
criança ser criança e o adolescente ser adolescente, e o educador, esse, deve
internalizar o seu papel e sua competência, cuja finalidade e a função, vai
muito alem dos muros e portões de um prédio, e só assim, contemplar esse novo
paradigma, e com toda razão ser e estar fazendo parte de uma história, não só
na educação, mas nas vidas que nos são entregues todos os dias.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” Paulo Freire
CONCLUSÃO
No
escopo da Pedagogia social, reside um leque de possibilidades apresentada de
forma bem dissertada pela Professora Margareth, na poesia de Carlos Drummond,
que dialoga perfeitamente com esse pensar, percebemos que ainda há muito o que
se fazer, e na escola espaço de formação em todos os graus, deveria haver mais
respeito e dignidade com o educando e, ao entendermos a mensagem de Drummond,
os que tramam contra a Educação de qualidade, irão dizer: Tudo é muito lindo no papel, na prática não dá certo.
Para esse grupo de pessimistas de plantão deixo
uma importante frase da professora Gabriella Mafei: “Se há falhas nas nossas
práticas é porque, provavelmente houve falhas e obstáculos na nossa formação”.
Buscar
alternativas para um construir consciente é agir na prevenção, e levar o
educando, a refletir e valorizar as conquistas, atuar com respeito à sua
história, desenvolver-se enquanto pessoa e profissional na dura realidade de
crianças e adolescentes, pois, a desigualdade social trás consequências que
implicam sobremaneira o público infanto-juvenil, que é o nosso público alvo.
Valorizar o indivíduo, não apenas,
transferir conhecimentos, buscar alternativas e, ter a compreensão da amplitude
da responsabilidade na construção de um caminhar com qualidade, é o papel do
Educador Social que, perpassa também, por ser um Educador crítico, não mecânico
nas atitudes, e essa criticidade, aguçará a curiosidade, produzindo assim,
novos aprendizados e conhecimentos.
Concluo acenando
positivamente para essa realidade e afirmar que podemos sonhar sim com essa
escola, contudo, melhorar nossas praticas valorizando o educando, a escola e sobretudo,
a Educação será primordial nas nossas ações e, um grande passo para essa tão
sonhada escola, a escola dos nossos sonhos, alicerçados por uma certeza. A certeza
que é possível!
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
Paulo Freire
REFERENCIAS:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1970.
PESTALOZZI, Johann Heinrich - Minhas
indagações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento da espécie humana (A
Teoria dos três estados do desenvolvimento moral), 1797.