A Pedagogia Social é um componente da Pedagogia que se responsabiliza
diretamente com a inclusão das crianças em situação de vulnerabilidade social
no universo escolar. Quanto mais a população de um país é entregue a própria
sorte, maior se faz a necessidade da pedagogia Social, que se traduz em um
fazer pedagógico voltado para a realidade das crianças e adolescentes
expostos a todo o tipo de dificuldades oriundas de uma educação direcionada
para um público com valores e necessidades bem diferentes. Dificuldades
estas que não abrangem apenas o âmbito educacional como também o social,
o político e o afetivo, por exemplo.
Ao abraçarmos a Pedagogia Social como tema de trabalho, como foco do
nosso interesse, como questão reflexiva, o fizemos por perceber o quanto
precisamos aprender com os sujeitos do flagelo social brasileiro para com eles
trabalhar. São milhões de crianças e jovens que não se vêm contemplados no
cotidiano das escolas, que se sentem alijados de um processo do qual seus
próprios pais e avós, quem sabe, também o foram e, por mais que possa
parecer uma “questão hereditária”, trata-se de um processo histórico de
exclusão que, ao longo dos anos, transforma em marginais seres humanos
capazes, competentes e brilhantes.
Muito pouco ou quase nada do que aprendi me auxilia para com eles lidar. É
preciso me formar, me alfabetizar em uma nova forma de ser e estar
professora para construir um novo sentido para o magistério por mim exercido.
Penso existir em algum lugar professores que comunguem com minhas ideias
e é para eles e com eles que abrimos um espaço de trabalho como este. As
questões investigativas são construídas, principalmente, na dor, no calor do
exercício de um fazer que se impõe a cada dia, a cada hora. Não diferente,
suas respostas são oriundas do amor, do compromisso forjados a ferro e fogo
no cadinho da existência humana. Apenas um professor capaz de enxergar-se
em seus alunos, será capaz de ao resgatá-los do processo de indigência
educacional em que se encontram resgatar- se também.
Ouso afirmar a existência de um tripé que se constitui em um desafio
permanente para o Educador Social: o primeiro pilar é o da construção de
sua própria identidade. Uma identidade que só faz sentido atrelado ao outro;
ou seja, ao aluno. O segundo o da aceitação, é preciso aceitar seu aluno
como ele é, com suas histórias e memórias, com seus textos e contextos de
emergências. É possível afirmar que o processo de aceitação do outro passa,
principalmente, pela própria aceitação, caso contrário, não passará de mero
discurso representado por palavras soltas ao vento. Falamos, portanto, de
testemunho vivo de um fazer capaz de por em diálogo o binômio teóricoprático,
invocando permanentemente a questão da coerência, o que nos é
bastante desafiador. E finalmente, porém não menos importante, o terceiro
pilar é o da responsabilidade. Para além de se identificar com os educandos e
neles se reconhecer e, aceitá-los em sua legitimidade, o Educador Social
precisa responsabilizar-se por eles. Responsabilizar-se a tal ponto por seu
fazer pedagógico que será impensável não incluir o sucesso dos educandos no
rol do seu próprio sucesso. Falamos, portanto, de uma relação de
pertencimento capaz de compreender educador e educando como partes
integrantes de uma mesma realidade, não fazendo mais sentido a existência de
um sem o outro.
COORDENADORA DO PROJETO PIPAS - UFF - PEDAGOGIA SOCIAL
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