Na PARTE IV, escrito pelos organizadores, encontram-se discussões referentes às Áreas de formação da Pedagogia Social e Linhas de pesquisas da Pedagogia Social.
No final do livro, parte V, encontra-se:
- Declaración de New Cork (1990);
- Declaración de Barcelona (2003);
- Declaración de Montevideo (2005);
- Carta da Pedagogia Social (2006);
- Código Deontológico da profissão de Educação Social em Portugal.
- Todas as discussões apresentadas no livro são fundamentais para compreender a Pedagogia Social, mas chama atenção a peculiaridade da tentativa de estruturação da área na realidade brasileira. Nesse sentido surgem discussões contrárias a uma perspectiva de relacionar a Pedagogia Social à Educação Não - Formal (SILVA, 2009), divergindo de posicionamentos que defendem essa perspectiva como o de Gohn (2006).
- Gohn (2006) é pesquisadora da área de Movimentos Sociais no Brasil e define os conceitos de Educação Formal, Informal e Não-Formal:
Quando tratamos da educação não-formal, a comparação com a educação formal é quase que automática. O termo não-formal também é usado por alguns investigadores como sinônimo de informal. Consideramos que é necessário distinguir e demarcar as diferenças entre estes conceitos. A princípio podemos demarcar seus campos de desenvolvimento: a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não-formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas.
Trilla (2008, p.32) é pesquisador da Pedagogia Social na Espanha e embasado em Coombs, também contribui para essas definições:
A educação formal compreenderia o "sistema educacional" altamente institucionalizado, cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado que vai dos primeiros anos da escola primária até os últimos da universidade; a educação não-formal, toda a atividade organizada, para facilitar determinados tipos de aprendizagem a subgrupos específicos da população, tanto adultos como infantis; e a educação informal, um processo, que dura a vida inteira, em que as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, habilidades, atitudes e modos de discernimento por meio das experiências diárias e de sua relação com o meio.
A definição apresentada pelos autores é semelhante e compreende que a educação informal ocorre de maneira espontânea, ela acontece na interação direta com o meio em que vive já a educação formal e não-formal necessitam de um mediador, que irá organizar, planejar, elencar, coordenar os processos de aprendizagem de algo. Esse mediador seria o educador.
Mas devido à diversidade de enfoques teóricos e posicionamentos divergentes em relação à base da Pedagogia Social, alguns teóricos discordam que ela se desenvolve na perspectiva da Educação Não-Formal, considerando que essa perspectiva limitaria a possibilidade de uma estruturação da Pedagogia Social. Quem traz reflexões a esse respeito é Neto, Silva e Moura (2009, p.306) defendendo, em seu texto, argumentos de que as Ciências da Educação se dividem nas seguintes áreas de concentração: Pedagogia Escolar/ Educação Escolar e Pedagogia Social/ Educação Social.
Nessa perspectiva, os autores defendem que a educação popular, social e comunitária, até então pertencentes à Educação Não - Formal no contexto brasileiro, passam a ser consideradas dentro dos domínios da Pedagogia Social que seriam três: 1. sociocultural, 2. sociopedagógico e 3. sociopolítico.
Os autores explicam que o que compõe o domínio sociocultural são as áreas do conhecimento relacionadas às Artes, a Cultura e o Esporte; o domínio sociopedagógico abrange as áreas relacionadas à Infância, Adolescência, Juventude e Terceira Idade. Já o domínio sociopolítico compreende as áreas em que se apresentam processos sociais e políticos, como por exemplo, participação, protagonismo, associativismo, cooperativismo, empreendedorismo, geração de renda e gestão social. Essas discussões, abordadas no livro, foram divulgadas junto com o lançamento do mesmo nas Jornadas de Pedagogia Social que aconteceram durante o ano de 2009 e 2010, no Brasil, Portugal, Uruguai e Cuba. Elas foram realizadas nos seguintes lugares: PUC - SP, Mackenzie - SP, Universidade Católica do Porto - Portugal, PUC - Brasília, Centro Universitário Salesiano - Americana/SP, UNICAMP - Campinas, Universidad de la Republica - Montevideo - Uruguai, UFPR - Curitiba/PR, Instituto de Governança Social - Belo Horizonte/MG, UNISINOS - São Leopoldo/RS, GRAMMA e PIÑAR DEL RÍO - Cuba, UFES - Vitória/ES, UEPG - Ponta Grossa/PR.
Esta pesquisa configura o primeiro mapeamento do surgimento da Pedagogia Social no Brasil. Todos os dados colocados a cima, fazem parte de um percurso da história da construção dessa área no país.
O movimento possível de perceber através dos dados a cima, é de que em 2006, as temáticas das conferências e das mesas-redondas apresentam uma idéia de aprofundar discussões sobre a Pedagogia Social, relacionando com o Trabalho Social, aliando a discussão de políticas públicas, enfatizando o atendimento a infância e a adolescência em contextos adversos. O evento de 2008 deixa claro o interesse em compreender a Pedagogia Social como uma área acadêmica e profissional, a partir de debates com áreas próximas já existentes que seriam a Pedagogia e o Serviço Social. Também se verifica uma preocupação em compreender a Pedagogia Social para além de uma perspectiva de atendimento da infância e adolescência, buscam-se relações com os Movimentos Sociais, Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular, etc.
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