Em uma breve análise das 69 publicações desses dois eventos, percebe-se uma grande variedade de temáticas e conceitos, podendo-se classificar da seguinte maneira:
CONCEITOS/TEORIAS
Socio-dramas familiares, Resiliência, Drogadição, Hegemonia das ciências jurídicas sobre as ciências sociais e humanas, Cartografia.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Adolescentes abrigados, Adolescentes em conflito com a lei, Jovens em situação de risco social, Assistência a Infância, Direitos das crianças e dos adolescentes, Adolescentes Infratores, Trabalho Infantil, A criança no contexto rural, Egressos de orfanato, Jovens protagonistas, Estatuto da Criança e do Adolescente.
CULTURA
Teatro como produção cultural, Técnicas dramáticas como meio de conscientização.
EDUCAÇÃO
Cidade Educadora, Educação Popular, Educação Social, Educação Indígena, Educação em Saúde (2x), Educação Não-Formal/Pedagogia Social, Educação de rua, Práticas de Educação Não - Formal, Educação do Campo, Educação Comunitária, Educação Ameríndia, Educação Sócio - Comunitária, Sistema Sócio - Educativo (2x), Programas Sócio - Educativos, Educação de Surdos.
ESCOLA
Escola como proteção aos alunos, Temas transversais na escola, Exclusão na sala de aula, Violência Escolar.
GRUPOS - PESSOAS, ETNIAS
Migração, Preconceito Racial.
PEDAGOGIA
Pedagogia de Paulo Freire, Pedagogia Libertária, Pedagogia Hospitalar, Pedagogia Juvenil, Pedagogia Movimento Negro, Curso de Pedagogia, Pedagogia Social, Pedagogia e Pedagogia Social.
POLÍTICAS PÚBLICAS
A família e a política de assistência social.
PRISÃO
Universo Prisional, Gênero e Prisão.
TRABALHO
Atuação do Pedagogo (3x), Educador Social.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Terceiro Setor, Participação Social.
Todos os termos descritos, possuem significados, conceituações, e são apresentados a partir de estudos, projetos e discussões realizadas por alguém, por algum grupo, por algum governo, etc. Então é necessário compreender que estes termos estão impregnados de sentido e significado que expressam uma leitura de mundo das pessoas que elaboraram, ou relacionaram os mesmos. Mas todos esses termos agrupados, e devidamente fundamentados em um evento científico, passam a compor algo maior, formando uma base comum para discutir algo em comum. Ou seja, as temáticas das conferências, mesas redondas, oficinas, dos trabalhos apresentados e suas palavras - chaves expressam, em uma primeira análise geral, a formulação e estruturação das áreas de atuação, tanto no aspecto prático configurando-se a Educação Social, como no aspecto teórico e profissional da Pedagogia Social.
CONCLUSÃO
Como a temática da pesquisa está em constante re-elaboração e sempre surgindo a partir de novas idéias e ações, não é possível fazer algo definido, e poder dizer que se chegou à conclusão de algo.
O próximo passo da pesquisa é relacionar o que foi descrito a cima com as temáticas das publicações do Banco de Teses e Dissertações da CAPES, bem como com as das publicações dos Grupos de Trabalho de Educação Popular e Movimentos Sociais da Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação - ANPEd, período 2000 a 2009, verificando entre as terminologias e fundamentações encontradas, se existem semelhanças entre elas, quais são e o que isso poderia significar para essas áreas no Brasil.
A discussão da Pedagogia Social/Educação Social é recente no país, mas existem desde a década de 30 preocupações em tornar a Educação, algo popular, a partir de uma pedagogia mais social. Esses eram argumentos de figuras importantes na estruturação da Educação no Brasil, movimento forte que aconteceu no período da década de 1920 a 1940, em que os Pioneiros da Educação, através de seu manifesto conseguiram lutar por uma educação pública, que atingisse o maior número possível da população, e por isso tornarse popular, pois até então a Educação era para privilegiados. Já a partir da década de 1960 a terminologia Educação Popular surge no Brasil, caracterizada como uma educação voltada para jovens e adultos que não tiveram acesso ao processo educacional "formalizado". Surge a figura importante de Paulo Freire que por meio de sua teoria, amplia a visão sobre Educação, compreendendo que ela está presente além da escola. Os movimentos sociais foram e são importantes para este processo educativo que foge as carteiras escolares, mostrando muitas vezes uma perspectiva de educação crítica e transformadora da realidade.
É a partir desses argumentos que não se pode compreender a Educação Social como uma novidade no Brasil. A novidade estaria na organização da Pedagogia Social enquanto área acadêmica de produção científica e de formação do profissional Educador Social, que atuaria em diferentes espaços educativos. Com a continuidade dos estudos nos grupos de pesquisa, as discussões nas Jornadas de Pedagogia Social, com os eventos e organização deste III CIPS, identificam-se dois movimentos marcantes nesse processo de organização:
1 - Estruturação da Pedagogia Social como área acadêmica e profissional:
- Aprofundamento de estudos e de teorias: fundamentação epistemológica, reelaboração dos significados de educação formal, informal e não - formal, para a elaboração dos domínios da Pedagogia Social - epistemológico, sociopolítico, sóciopedagógico e sociocultural.
- Formação do profissional da Pedagogia Social: conteúdo da formação, legalização da profissão, espaços de atuação.
- Estruturação da Associação Brasileira de Pedagogia Social.
- Articulação com entidades e órgãos internacionais da área.
2 - Ênfase em discussões e ações por políticas públicas de atendimento da infância e adolescência em situação de risco - educação em espaços de privação de liberdade, abrigos, ong's, hospitais, etc.
Até o momento é possível apresentar os argumentos descritos neste texto e compreender qual o caminho que a pesquisa está percorrendo nesse processo, que não é linear, e pelo contrário é repleto de conflitos, opiniões divergentes, facilidades e dificuldades.
REFERÊNCIAS
GOHN, M. G. Educação Não-Formal na pedagogia social. In: I Congresso Internacional de Pedagogia Social,1., 2006, . Anais eletrônicos. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br Acesso em: 04 Dez. 2008.
MOURA, R., NETO, J. C. S. e SILVA, R. (orgs). Pedagogia Social. São Paulo: Expressão & Arte Editora, 2009. 324 p.
SILVA, R. da. As bases científicas da Educação Não-Formal. In: MOURA, R., NETO, J. C. S. e SILVA, R. (orgs). Pedagogia Social. São Paulo: Expressão & Arte Editora, 2009. p. 179 - 193.
TRILLA, J. A educação não - formal. In: ARANTES, V. A.(org.), TRILLA, J. e GHANEM, E. Educação formal e não-formal: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2008. p. 15 - 58.
1 Trabalho de pesquisa desenvolvido junto ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, como bolsista do CNPq, sob Orientação da Profª. Drª. Diana Carvalho de Carvalho e co-orientação da Profª. Drª. Olga Duran. E-mail: ericormachado@yahoo.com.br